Em um gesto para tentar selar a aproximação com o vice-presidente Michel
Temer, a presidente Dilma Rousseff recebe na manhã desta quarta-feira,
20, o peemedebista para uma conversa no Palácio do Planalto. Os dois não
dividem a mesma mesa desde o início de dezembro. O distanciamento entre
ambos ocorreu devido à possibilidade de avanço do processo de
impeachment na Câmara e foi intensificado após o envio da carta do vice à
presidente no mês passado, na qual ele afirma, entre outros pontos, que
a petista não tem confiança nele. Os ensaios para reconstruir as pontes
entres os dois lados teve início já no final do ano passado, após o
Supremo Tribunal Federal impor regras para o rito do impeachment e
assegurar ao Senado, que tem perfil mais governista, papel decisivo no
processo. Diante de um desfecho incerto, Temer alterou o tom e passou a
pregar “unidade” e “harmonia” na relação. A mudança de postura do vice
ocorreu também devido à possibilidade de ele ter uma disputa pelo
comando do PMDB, que detém desde 2001, na próxima convenção nacional da
sigla, prevista para março. Temer passou a ter a reeleição ameaçada pelo
grupo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), próximo ao
Planalto. Começou, então, a negociar um acordo com os senadores,
estratégia que vem sendo bem sucedida. Segundo o Estado apurou, Renan
tem dito a aliados, neste últimos dias, que não pretende ir para a
disputa nem apoiar um nome contra o vice. O recuo ocorre diante dos
avanços das negociações conduzidas por Temer para que o senador Romero
Jucá (PMDB-RR) ocupe a primeira vice-presidência da legenda. Para Dilma,
a aproximação com o vice também tem um componente de sobrevivência uma
vez que o PMDB detém as maiores bancadas na Câmara e no Senado e é
considerado como um fiel na balança na discussão em torno do processo de
impeachment. A expectativa também é de que, ao ter o partido próximo ao
Planalto, seja emitido um sinal de governabilidade para o restante das
legendas que compõem a base aliada. (Estadão Conteúdo)