O novo ministro da Justiça, Eugênio
Aragão, 56 anos, assumiu o cargo mostrando no primeiro dia porque foi
escolhido para o cargo. Mandou de pronto um aviso para os seus
subordinados hierárquicos da Polícia Federal-PF, de que trocará uma
equipe inteira de investigação em caso de vazamento de informações.
“Cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será
trocada, toda. Eu não preciso ter prova. A PF está sob nossa supervisão.
Se eu tiver um cheiro de vazamento, eu troco a equipe. Agora, quero
também que, se a equipe disser ‘não fomos nós’, que me traga claros
elementos de quem vazou porque aí vou ter de conversar com quem de
direito”, afirmou Aragão em entrevista publicada neste sábado (19/3)
pelo jornal ‘Folha de São Paulo’. Ele ainda destacou que não mexerá na
PF sem motivos: “Não posso simplesmente dizer ‘não gosto desse daí’
porque está sendo muito eficiente. Eles têm de ultrapassar a linha
vermelha, terem comportamento que não seja profissional. Venho do
Ministério Público e sei quão caro é a independência funcional. Não que
eles (polícia) tenham independência funcional, a polícia é um órgão
hierárquico, muito diferente do Ministério Público”.
Eugênio Aragão classificou de
“extorsão” a maneira como as delações premiadas são negociadas e
minimizou as declarações do ex-presidente Lula em uma escuta telefônica
com a presidente Dilma Rousseff. Sobre a divulgação das delações, o
Ministro da Justiça afirmou: “Aí nós temos uma atitude criminosa, porque
quem vaza a delação está querendo criar algum tipo de ambiente”. Lula
sempre criticou o antigo chefe da pasta, José Eduardo Cardozo, que hoje
atua como advogado-geral da União, por não “controlar a Polícia
Federal”. Nas primeiras 24horas de Eugênio Aragão, no cargo de Ministro
da Justiça, delegados de Polícia Federal realizaram na sexta-feira (18),
atos em apoio à operação Lava Jato, em todo país. Os policiais deram
abraço simbólico nas sedes da PF como forma de demonstrar apoio as
investigações de combate à corrupção e para pedir que o Congresso
Nacional aprove a PEC 412, que prevê a autonomia administrativa e
financeira da corporação, diz o presidente da Associação Nacional dos
Delegados de Polícia Federal, Carlos Eduardo Sobral.